A MULHER NA MAÇONARIA

 

Comentários no final --  Ir.'. José Castellani

 

  • Na atualidade, historiadores maçônicos desconhecem muitos fatos históricos da Maçonaria. As numerosas dificuldades que ela sofreu, tanto proveniente do exterior como do seu próprio meio, destruíram a maior parte dos documentos históricos. Essa destruição foi muitas vezes obra de seus adeptos, que teriam temido sua publicidade por inimigos ou mesmo por antagonistas.

  • Como foi o caso do Grão-Mestre, George Payne, que em um momento de vandalismo atirou numa fogueira centenas de documentos dos quais possuía uma única cópia

  • Muito devem, os historiadores, aos inimigos da Maçonaria, que no afã de desmoralizar a Maçonaria publicaram fatos antigos, catecismos (rituais) e outros documentos que não mais existem e que foram conhecidos através destas publicações.

  • É necessário que saibamos dos estragos causados à nossa Ordem pelo Frei Augustim Baruel, pelos Maçons: Samuel Prichard (1730) Léo Taxil, e Morgam, assim como pelo famigerado livro pestilento "Os Protocolos dos Sábios de Sião", esse é uma grande farsa, um plágio grotesco mas que é preciso se conhecer os males que este livro causou. A Grande Loja Unida da Inglaterra, modificou seus Catecismos (Rituais) em conseqüência dessas publicações.

  • Se formos buscar subsídios na Anti-Maçonaria, teremos um rico material para estudar; são mais de 250 anos de luta aberta com uma pequena parte do Clero. Muitos livros foram escritos, a favor e contra e cada um mais agressivo e mais desonesto que o outro. A bibliografia Anti-Maçônica faz parte de nossa tradição.

  • Existem muitas perdas da documentação que falava da participação da mulher na Maçonaria. No que pese o que acima expomos, procuraremos demonstrar neste resumido histórico, (todo ele baseado no que já foi escrito por maçonólogos de respeito e reputação firmada) a luta das mulheres para ingressar na Maçonaria e, também, para se emanciparem do jugo masculino, através de movimentos feministas.

  • Nos antigos Mistérios, do período operativo, a mulher desempenhava funções em igualdade com o homem; Com a absorção, e posterior diluição dos Mistérios pelas religiões formalmente organizadas, principalmente, a Igreja Católica, para as mulheres foi reservado um papel inferior, o clero feminino passou a se limitar a prestar serviços aos dirigentes eclesiásticos.
  • Nas corporações medievais, nas guildas e nos ofícios, havia alguma restrição à participação de mulheres, principalmente, pela dificuldades das profissões. As restrições não eram totais e não atingiam a mulher do Mestre, que podia herdar o negócio do marido falecido, mas que não podia admitir Aprendizes. A proibição, também, era devido ao receio de que a mulher operária, ganhando menor salário, pudesse reduzir as oportunidades de empregos dos homens. (Fim do século XVI).
  • O Poema Régio, (ou Manuscrito) datado de, aproximadamente, 1730, nada consigna a respeito da não aceitação da mulher na Maçonaria Operativa, ao contrário, dando notícias de que ela era normalmente aceita, ou pelo menos colaborava com a Maçonaria, pois que, no Artigo 10, versos 203 e 204, diz: "que nenhum Mestre suplante o outro, sendo que procedam como irmão e irmã ".

  • É fato comprovado que nossos Irmãos Operativos, tinham mulheres em suas Lojas (Canteiros de Obras).

  • Um dos muitos, casos conhecidos, é o da senhora Sabina Von Estenbach, filha de Herwin Estenbach, arquiteto da Catedral de Estrasburgo.  Foi ela iniciada na Maçonaria da época, não como "pedreira construtora", mas como "pintora e escultora".

  • A Maçonaria era regida pelas "OLD CHARGES" (Antigas Obrigações ou Deveres). "Old Charges", nome em inglês dado a mais de cem manuscritos existentes atualmente e que contêm a história legendária e as constituições dos Maçons Operativos. (antes de 1717).

  • A franco-maçonaria Especulativa, desde suas origens (1717) se declara anti-feminista. Em suas exclusões, ela assemelha as mulheres aos escravos, pessoas imorais e desonradas; mas também aos lacaios assalariados, as artistas teatrais, aos judeus (pejorativamente mal considerados, então).

  • No entanto, desde 1724, um ano depois das estipulações estritas de Anderson, (curiosamente, este cidadão esteve, durante apenas dois anos na Maçonaria e não se sabe como e por que conseguiu arquitetar a seu bel prazer tudo o que ainda hoje se segue...e, muito pior; por que se segue???. Qual Assembléia Geral Maçônica que o aprovou ??? e quando ???. Para o não pesquisador ou àquele que não lê, hábito aliás, muito comum entre alguns maçons, e são, justamente estes, os mais "teimosos", que afirmam e tentam justificar que a proibição de mulheres, esta calcada nos Landmark's de Mackey, e que são imutáveis, ora, basta pequeno estudo histórico, para comprovar que esse mesmo Landmark de Machey, sofreram várias alterações (vide, por exemplo sua primeira versão publicada), além do mais, não é necessário ser grande especialista em Lógica e Metodologia nem tampouco um "Aurélio" para interpretar o 25° Landmark. - :Diz o 25º.: "Os preceitos anteriores são inalteráveis". Ora, se só os anteriores não são alteráveis, este 25o. pode ser alterado, sem quebra de lei alguma. Alterando-o, todos os demais poderão ser alterados. Se Mackey quisesse que todos os preceitos fossem inalteráveis, deveria ter dito isso no 25o. item, inclusive em relação ao mesmo.) criou-se na França uma Maçonaria Mista, que se revelou mundana, galante, literária e musical. Ela porém, tem seus "Mistérios" que continuam sua trajetória com "passagens", (não eram conhecidos os termos: Aumento de Salário, Elevação e Exaltação) através de sucessivas iniciações ao caminho da perfeição. O que levou, lá por volta de 1730, a fazer com que as galantearias desaparecessem dando lugar aos "Mistérios" imitados ao mesmo tempo da Maçonaria masculina e da Antigüidade Clássica, surgindo daí, na França a Maçonaria de Adoção feminina. Em 1738, foi criado a Ordem de Moisés na Alemanha, e em 1747 na Itália a Ordem dos Lenhadores, ambas Mistas.

  • Um Maçom Francês, em 1774, o Cavaleiro do Bois Beauchêne, tinha pretendido fundar Lojas femininas regulares, nas quais seriam outorgados 4 graus, com um simbolísmo adaptado ao sexo frágil: Aprendizes, Companheiras, Mestras e Mestras Perfeitas.  Essas Lojas seriam "filiais" das Lojas masculinas, levando o mesmo nome e seria recolhido as esposas, as irmãs e parentes dos adeptos das Lojas masculinas. Parece não ter havido realizações.

  • Já em 1775, foi eleita Grão-Mestre da Loja Saint Antoine, na França, a Duquesa de Bourbon, e em 1782, Caliostro designou sua esposa, Laurenza, Grão-Mestre de uma Loja Adotiva feminista. São, daí, iniciadas várias damas da nobreza. Em 1786, na Rússia, a Imperatriz Catarina II., presidiu a Loja Clio, conforme cita Vera Facciolo, Soberana Grão-Mestre da Grande Loja Arquitetos de Aquário, do Oriente de São Paulo, em sua tese "A Mulher na Maçonaria Brasileira" apresentada no V Congresso Maçônico Internacional de História e Geografia, realizado no Rio de Janeiro em março de 1990.

  • A controvertida figura do Conde Calistro, ou José Bálsamo como afirmam alguns historiadores, criou em Lyon em 1786, o Rito Egípcio da Maçonaria Andrógina, que teve a princesa Lambelle como primeira Grão-Mestre Honorária.

  • Essa Lojas anexas às Lojas masculinas, não tinham nenhuma autonomia. Estas Lojas Adotivas quiseram ter Ritos iniciáticos. Elas exigiam que cada Loja Mista fosse "adotada" por uma Loja masculina regular. Na época foram autorizadas a funcionar sob vigilância e a dedicarem-se a ocupação de beneficência e a "trabalhos filosóficos", sem muita gravidade ou importância. Na verdade, sabe-se muito pouca coisa sobre essas Lojas, seus arquivos (se os tiveram) desapareceram totalmente.

  • A Revolução Francesa, foi brutal para as "Maçons", assim como para os adeptos masculinos. A princesa Lambelle, que tinha sido Grão-Mestre em 1786, eleita pela Lojas Escocesas femininas da França, foi massacrada em 1792 na prisão da  forca; outras pereceram no cadafalso; uma grande parte emigrou. Não parece ter havido tentativa de manter essas Lojas durante o período jacobino da Revolução. Mas, a partir do Consulado elas se reconstituem. Deu-se uma grande importância a certa tradição, segundo a qual Josephine Beauharmais, membro de uma Loja Adotiva, tinha sido encarregada por seu segundo marido, Bonaparte, de reconstruir essas Lojas. Tornando-se Imperatriz, assistiu pessoalmente, a Iniciação da Condessa de Canisy, sua Dama de Honra, numa Assembléia que teve lugar em Estrasburgo no ano de 1805. Se no início Bonaparte parecia favorecer as Lojas Femininas da França, acabou por extinguí-las em 1810. A partir daí, não mais existiram Lojas femininas na França, até 1893. (83 anos).

  • A criação de Lojas femininas tornou-se tão presente depois de 1871, e desde então foi tão fortemente apoiada por certos Maçons que ela suscita uma criação exemplar, o que vem a acontecer através de Marie Deraisme, nascida em 1828, no seio de uma pequena família burguesa liberal e anticlerical, inimigos dos Bourbon. Sua educação primária é confiada a sua irmã mais velha até os 18 anos, tendo revelado muita inteligência e determinação, passando a estudar sozinha, Marie é uma excelente escritora com talento de oradora, e as belas frases tanto escritas como faladas surgem com facilidade. Esta faculdade permite-lhe servir com eficiência a causa feminista.

  • Na segunda metade do século XIX, a emancipação feminista é uma atualidade. Se o levante de 1884 e a nova abolição da monarquia não trouxeram nenhuma mudança à condição das mulheres, a onda feminista não mais pode ser contida e é nesta corrente de pensamento que Marie Deraisme se envolve.

  • Enquanto se expandia no mundo literário e jornalístico, em 1886, Marie é convidada para fazer uma série de conferências no Grande Oriente. Ela ia recusar quando sua atenção é chamada por um artigo de um jornal, que criticava, aviltando as mulheres de letras. Indignada por esta afronta do masculino ao feminino, ela muda de idéia e aceita a incumbência. Sua luta pela emancipação da mulher se estende por mais de vinte anos.

  • Quando na manhã do dia 14 de janeiro de 1892, na Loja Lês Libres Penseur, em Pec, na Normandie a Srta. Marie Deraisme recebe a Luz Maçônica e no mesmo dia "por Comunicação" os Graus de Companheiro e de Mestre Maçom. A Grande Loja da França, ao tomar conhecimento deste fato, expulsou esta Loja e seu Venerável Mestre,  Irmão Hubron. O Dr. George Martin persuadiu este Venerável Mestre a fundar uma Organização, aberta a homens e mulheres, em pé de igualdade, juntamente com a escritora e jornalista, Marie Deraisme. O fervoroso admirador e dedicado feminista, o Franco-Maçom George Martin, Senador da República, que vinha a muito trabalhando pela admissão da mulher na franco-maçonaria. Diante da recusa e limitações das diversas influências existentes, ofereceu sua ajuda a Marie que está resolvida a ver, pelo menos em parte, seu sonho tornar-se realidade. Esses três seres complementares unem seus conhecimentos e saber para, em fim, após meses de trabalho dificultado pelos ataques e obstáculos diariamente criados por alguns Franco-Maçons, Marie Deraisme, realiza seu sonho e sua "grande obra", nasce, oficialmente em 04 de abril  de 1893, a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista da França. Conforme Jean Peirre Bayard em a "Franco-Maçonaria", a nova Potência foi denominada "Le Droit Humain" (O Direito Humano).

  • As lutas feministas de Marie Deraisme, cheia de vitórias, fracassos e perseguições a levaram a ser sustentada durante dez anos por um grupo de Maçons. A escritora, jornalista Marie Deraisme, fundou, ainda, a primeira Loja feminista durável que levou o nome de "O Direito Humano". É uma Loja Mista, do Rito Escocês, mas só inicia mulheres. Em 06 de fevereiro de 1884, um ano após a fundação da Grande Loja Simbólica Escocesa Mista da França, sua tarefa termina, reunindo-se ao Grande Arquiteto do Universo, na Grande Loja Eterna.

  • Não poderíamos deixar de nos referir, brevemente, sobre a participação da mulher na Maçonaria de Portugal. O Boletim Oficial do Grande Oriente Lusitano Unido (GOLU) registra em 1881 a existência em Portugal de uma Loja de Adoção com o título distintivo "Filipinas de Vilhena", aprovada pelo Decreto 18 de 29 de dezembro de 1881, que autorizou a instalação e regularização sob os auspícios desse Grande Oriente, como filial 01 da Loja "Restauração de Portugal #22". Essa Loja de Adoção teve vida breve e muito agitada dentro da Maçonaria, sendo expulsa deste Grande Oriente pelo Decreto 9 de 10 de junho de 1883. Ingressaram, então, na nova Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos de Portugal. Por motivos não apurados, esta Loja feminista abandona a nova Grande Loja em 29 de outubro de 1884, indo, a seguir, filiar-se a Grande Loja Departamental Fortaleza do Grande Oriente da Espanha, até que em 27 de junho de 1885, a Venerável é expulsa desse agrupamento; acabando assim a agitada vida da 1o. Loja de Adoção de Portugal. Somente em 1904 (19 anos depois) é que voltam a aparecer Lojas de Adoção em Portugal, e pouco a pouco as senhoras conquistaram sua independência, passando a se organizar em Lojas femininas independentes, tal como as Lojas masculinas, com representação própria e nitidamente apoiada pela "Le Droit Humain" francesa.

  • Em São Paulo, a 14 de janeiro de 1871, Irmãos das Lojas "Amizade" e "América", do Grande Oriente Beneditino, fundaram a Loja feminina "Sete de Setembro" da qual foi a primeira Grão-Mestre, Francisca Carolina de Carvalho.

  • Vera Facciolo, na tese antes referida, cita uma relação de nove Lojas femininas fundadas sob a jurisdição do Grande Oriente Unido, e que tiveram vida entre 1874 e 1903. Em Campos, a Loja "Anita Bocaiúva"; no Rio de Janeiro a "Estrela Fluminense" e a "Filhas do Progresso"; em Curitiba a "Filhas da Acácia"; em Juiz de Fora a "Filhas de Hiran"; em Bagé a "Fraternidade"; em São João da Barra (RJ) a "Júlia Valadares"; em Ouro Preto a "Perseverança", e em Barra do Itapemirim (ES) a "Teodora". Dessas Lojas, uma foi dissolvida, uma eliminada pela Ordem, três simplesmente desapareceram, e uma teve o pedido de regularização indeferido, e as três restantes foram dissolvidas e cassadas por ato do Grão-Mestrado em 25 de setembro de 1903. Segundo a Grão-Mestre Vera Facciolo, entre 1874 e 1903, existiu em Bagé (RS) a Loja Mista "Fraternidade". Portanto, pode-se afirmar que as Lojas Mistas no Rio Grande do Sul existiam antes de 1937. Até este ano encontramos provas da existência de tais Lojas.

  • Em Porto Alegre até 1937, havia uma Loja mista denominada "Verdade e Justiça No. 659", trabalhava em um prédio na Rua da República, e era filiada a "Le Droit Humain" da França. Desapareceu durante o regime discricionário do Estado Novo. Ainda em Porto Alegre, a Loja Mista "Vanguarda"; em Santa Maria a Loja "Aor"; em Santana do Livramento trabalhava uma Loja Mista filiada a "O Direito Humano", em 1957; em Cachoeira do Sul as Lojas Mistas "Direito Humano" e "Lautaro". Quer nos parecer que estas Lojas tiveram atividades até 1960. (Os dados encontrados são vagos. Contudo conforme nos informa o Caríssimo Irm.'. José Jorge da S. Marques, que a ARLS Verdade e Justiça 659 "O Direito Humano" ainda funciona em Porto Alegre sob os auspícios do OMMI Le Droit Humain.

  • Em 1902, foi fundada, nos Estados Unidos da América do Norte, a Ordem Maçônica Mista Internacional "O Direito Humano". E em 1919, no Rio de Janeiro, foi fundada a Loja Mista " Ísis". A Federação Brasileira O Direito Humano, filiada a Maçonaria Mista Internacional "Le Droit Humain", foi fundada em 1929.

  • Na França e em outros países, inclusive no Brasil, atualmente coexistem Lojas masculinas, femininas e mistas. Em nosso país, as Potências masculinas regulares não reconhecem as Lojas femininas e mistas e no entanto, estas aceitam como regulares as Potências masculinas.

  • O Grande Oriente do Brasil, em 1940, suprimiu de sua legislação as Lojas de Adoção. Ficando, assim, evidente sua aceitação posterior.

  • Na atualidade, o tema "Mulher na Maçonaria" tem suscitado muita controvérsia, muita polêmica e muitas opiniões já foram publicadas pela imprensa maçônica, algumas favoráveis ao ingresso da mulher na maçonaria regular masculina, e em grande maioria são as opiniões contrárias a esse ingresso. A Revista "Acácia", dedicou, em várias edições, artigos de profundidade sobre o tema "A Mulher na Maçonaria", alguns deles assinados por respeitáveis Irmãos Maçons como: Valmir Goulart Jacques; Ailton Branco; Marcos Santiago; Jessé Marques Teixeira da Silva, Antônio Renato Henrique; Francisco Espinar La Fuente; Breno Trautwein e Octacílio Schüller Sobrinho.

  • Pensamos que o assunto "Mulher na Maçonaria" ainda não mereceu o tratamento adequado e sempre reclamado pela mulher. A análise desse tema sempre foi feita de forma superficial. Ainda não foi considerado que a mulher perante o mundo tem conquistado direitos políticos, dirigindo nações como Indira Ghandi na Índia, Golda Meir em Israel, Margareth Thatcher na Inglaterra e mais recentemente Tansu Ciller  primeira-ministra da Turquia. Na política de várias nações, encontram-se mulheres ocupando cargos de deputadas, vereadoras, prefeitas, senadoras, sem falar em magistradas de grande renome.

  • Por estudos realizados, segundo as teorias de caráter esotérico, o homem, fisicamente, ocupa o lado positivo da célula humana e a mulher, consequentemente, o negativo. Já na análise teórica espiritual do esoterismo, ocorre exatamente o contrário. O homem tem sua alma negativa e a mulher positiva. Assim sendo, o homem ocupando este lado do Yin-Yan oriental, é o que não constrói; na natureza humana ele só destrui com guerras, lutas fratricidas, fabrica armas poderosas para a destruição humana, na tecnologia moderna, os aparelhos são feitos para disputa visando a supremacia individual. Por outro lado, a mulher cria, constrói a família, gera, faz com que o gênero humano se perpetue na face da terra. Ela nasce com o seu intuitivo desperto e ativo. No homem, para que isso aconteça, necessita desenvolver o aspecto intuitivo de sua natureza através de auto-disciplina, do estudo e da meditação na busca do auto-aperfeiçoamento.

  • A Maçonaria sempre respeitou e dedicou muito carinho e amor fraternal à mulher prestando significativas homenagens a ela em suas festas e ocasiões oportunas. Além disso, a Maçonaria dedica grande cuidado à família oferecendo aos familiares de Maçons, organizações para-maçônicas com a finalidade de preservar seus filhos e filhas, como a bem conhecida Adoção de Lawtons para filhos menores de Maçons, a grande organização APJ (Associação para Jovens) iniciativa para-maçônica do Grande Oriente do Brasil; a Ordem Internacional De Molay, uma organização que congrega os jovens filhos de Maçons, desenvolvendo um Ritual positivo e solar cultivando sete virtudes do homem, prepara os jovens não só para seu próprio futuro, também, para serem iniciáveis na Maçonaria com conhecimento consciente da parte da Arte Real. A experiência está demonstrando que o jovem De Molay, ao ingressar na Maçonaria apresenta grande interesse e aproveitamento no que eqüivale a continuação de um grau mais adiantado de suas experiências anteriores no Capítulo De Molay.

  • Para as jovens filhas de Maçons, na faixa etária de 11 a 20 anos, funciona, espalhada pelo mundo, há mais de 75 anos, a Ordem Internacional das Filhas de Jó desenvolvendo em seus núcleos um Ritual puramente devocional (lunar). Seu objetivo é o desenvolvimento moral e espiritual das jovens, o respeito a família e as leis do país, o amparo e o respeito aos mais velhos e a assistência aos doentes e aos menos favorecidos. Destacando uma reverência à Deus (Pai celestial) e as Santas Escrituras. Procurando, também, implantar o espírito de liderança, preparando as futuras mães e, talvez, nossas Irmãs ou esposas de Maçons, nossas futuras "cunhadas".

  • Por tudo isto, nós do Grande Oriente Misto Independente do Brasil, através de nossas Lojas Regulares, propomos à você, ser humano: homem ou mulher, o direito de receber À LUZ. Pois quem, neste Universo, tem a prerrogativa do G.'.A.'.D.'.U.'. para afirmar, que o recebimento da LUZ, é um direito exclusivamente masculino?
    Ou então, quem assim o afirma, esqueceu o significado da palavra "IGUALDADE".

 

Comentários ao Artigo acima -- José Castellani

 

  
    Sinto discordar do autor, em vários pontos, principalmente no tocante a fatos e datas históricas. Diz que se baseou em "maçonólogos" de respeito, mas não os cita. Enumero os dados conflitantes:

1. Diz o autor, numa afirmativa, se não ofensiva, pelo menos afoita, que os historiadores da atualidade ignoram muitos fatos históricos da Maçonaria. Se os historiadores desconhecem, quem os conhece? Só os consultados pelo caro Ir.:?
Saberá, o prezado Ir.:, que a Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, de Londres, existente há mais de 100 anos, levantou o maior acervo documental sobre as origens da Maçonaria na Grã-Bretanha? E que toda a sua pesquisa está enfeixada em mais de 100 volumes do anuário da Loja e em muitos livros de seus membros, alguns colocados entre os maiores pesquisadores do mundo? E que tudo isso é leitura obrigatória, por que é fidedigna e documental, para quem quer falar sobre as origens da instituição? 

    2. Entre os operativos, ou maçons de ofício, não existiam "mistérios", mas, sim trabalho, já que eles não se entregavam às elucubrações místicas tão a gosto dos maçons modernos. A origem das organizações foi, exatamente, para concentra os trabalho de construção, de fundamental importância, em todas as épocas. E, depois do surgimento dessas organizações, na Roma imperial (sec. VI a.C.), a arte de construir ficou restrita aos conventos, só saindo no século X, para organizações leigas, que sempre trabalharam sob a tutela da Igreja.
  
 3. O Poema Régio, ou manuscrito Halliwell (e não só "manuscrito"), não é de 1730, mas, sim, de 1390. Foi descoberto pelo antiquário James Halliwell, na Biblioteca Régia do Museu Britânico, em 1839 e publicado em
1840.

    4. No século XIII, em 1220, era fundada, durante o reinado de Henrique III, uma corporação de pedreiros de Londres, formada só por homens, a qual tomou o título de The Hole Craft and Fellowship of Masons, e que, segundo alguns autores, seria o germe da moderna Maçonaria. Em 1275, ocorria a Convenção de Estrasburgo, convocada pelo mestre dos canteiros e da catedral de Estrasburgo, Erwin de Steinbach ( e não Herwin Estenbach), para terminar as obras do templo, cuja construção se iniciara em 1105. A essa convenção acorreram os mais famosos arquitetos --- todos homens --- da Inglaterra, da Alemanha e da Itália, que criaram uma Loja, para as assembléias e discussão sobre os andamento dos trabalhos, elegendo Erwin como Meister von sthul (Mestre de Cátedra). Não havia nenhum "mistério" nisso.

    5. Nas Lojas operativas não existia iniciação como a conhecemos, mas, apenas a iniciação profissional, ou seja, o contato do aprendiz com o ofício. Iniciação, com cerimonial, foi uma criação do Compagnonnage, já no século XVII.

    6. Não existe nenhuma comprovação documental --- mas só especulação --- de que havia mulheres em lojas dos maçons de ofício. E "canteiro de obras" é expressão recente, pois canteiro é o que trabalha no esquadrejamento da pedra, que cria cantos nela, para torná-la uma pedra cúbica.

    7. Quem disse que James Anderson permaneceu só dois anos na Grande Loja de Londres? Quem disse que ele redigiu a Constituição sozinho? E, por fim, quem disse que ela não foi aprovada por uma assembléia de maçons? Quando foi fundada a Premier Grand Lodge, em Londres, em 1717, foi solicitado, a Anderson, o importante trabalho de compilar os antigos preceitos, costumes e regulamentos gerais da Franco-Maçonaria ;
para esse trabalho, ele contou com a preciosa colaboração de Desagulliers e de George Payne. Jean Théophile Désagulliers era um intelectual e teólogo de origem francesa, que se tornou membro da Real Sociedade e foi eleito Grão-Mestre, em 1719. Anderson era muito ligado a Desagulliers e, além da Constituição, publicou outras obras e foi Venerável Mestre da Loja n. 17. Permaneceu, portanto, muitos anos na Maçonaria, pois a Premier Grand Lodge foi fundada por apenas quatro Lojas. E ele não inventou nada, apenas compilou os antigos costumes. O texto da Constituição, apresentado a 27 de dezembro de 1721, foi submetido a uma comissão de 14 membros, que o revisou, apresentando, a 25 de janeiro de 1722, um relatório final. Enviado para impressão, o texto foi aprovado, finalmente, a 17 de janeiro de 1723, pelo duque de Warthon, então Grão-Mestre. E é o instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria.

    8. A acusação feita a George Payne é esdrúxula. Payne conseguiu um grande número de documentos sobre antigos estatutos e história da Franco-Maçonaria, para que fossem promulgados novos estatutos, sob a égide da Grande Loja. Sucedido por Désagulliers, no Grão-Mestrado, retornaria ao cargo em 1720 e seria o último Grão-Mestre plebeu da Maçonaria inglesa ; e foi em 1720, que ocorreu a incineração de muitos dos documentos que ele havia coletado, num ato de vandalismo, cujos motivos permaneceram obscuros, embora alguns membros do clero católico, afoitamente, tenham afirmado que os documentos haviam sido queimados para ocultar a origem católica da Maçonaria.

    9. A classificação de landmarques de Mackey é uma das piores que existem --- pois pouquíssimos de seus preceitos são verdadeiros landmarques --- mas parece que ela tem fã-clube no Brasil. Mackey era americano e, das 52 Grandes Lojas dos EUA, só quatro adotam a sua classificação (nem no seu país tem credibilidade). A classificação mais aceita é a de Pike, mestre de Mackey e o maior nome da intelectualidade maçônica norte-americana. Ela só tem 5 verdadeiros landmarques: a necessidade de reunião em Loja, o governo da Loja por um Ven.: e dois VVig.:, a crença no G.A.D.U. e numa vida futura, a cobertura dos trabalhos da Loja, e o sigilo maçônico. Nenhum deles fala da proibição do ingresso de mulheres. Quanto ao texto da Constituição de Anderson, referente ao não ingresso de escravos e mulheres --- e isso já era costume --- ele deve ser visto pelo ângulo do momento histórico, numa época em que era comum o trabalho escravo  e em que as mulheres não possuíam nenhum dos direitos civis, não sendo, portanto, livres. Não se pode pegar um texto do início do século XVIII e querer analisá-lo à luz da época e dos costumes atuais, quase 300 anos depois, e ainda querer desacreditar o seu compilador, que merece reconhecimento pelo seu trabalho e não críticas.

    10. As Lojas de adoção são lojas femininas, assim chamadas porque eram adotadas por uma Loja masculina, funcionando sob a égide desta. Foram criadas no se´culo XVIII, na França, mais por conveniência da aristocracia francesa, floresceram durante o império napoleônico --- até Josefina foi iniciada --- e desapareceram no século XX. Eram só um arremedo de Maçonaria, pois possuíam símbolos e sinais próprios.

    11. Catarina II, da Rússia, foi somente uma protetora da Maçonaria em seu reino, havendo época, contudo, em que se tornou sua inimiga.

    12. Maria Deraismes (1828-1894) foi iniciada numa Loja "selvagem" (sem Obediência) e, auxiliada pelo feminista Georges Martin, reuniu, em sua casa, na rua de Sévres, em Paris, a 14 de março de 1893, um "grupo de senhoras republicanas", para criar uma nova Franco-Maçonaria, "iniciando" todas elas no mesmo dia.
O ideal de Maria Deraismes --- jamais realizado --- era o de que, criando uma Franco-Maçonaria mista, em que homens e mulheres estivessem em pé de igualdade absoluta, a nova entidade pudesse chegar a substituir a Franco-Maçonaria tradicionalmente reservada apenas aos homens.

   13. Aqui já se trata de Maçonaria brasileira, onde não preciso de consulta a outros autores, pois tenho minhas próprias pesquisas documentais. A Loja de Adoção "Sete de Setembro" não foi criada por Irmãos da Amizade e da América, mas, sim, pela própria "7 de Setembro" masculina, sob cuja égide funcionava.
A loja recebeu carta constitutiva a 10 de abril de 1872 e desapareceu menos de 10 anos depois. Foi a primeira Loja de adoção do Brasil.

  14. As 10 Lojas de adoção que existiram no Brasil não foram criadas sob a égide do Grande Oriente dos Beneditinos, ou "Unido", de Saldanha Marinho, o dissidente, mas, sim do GOB. A aventura dos dissidentes terminou em 1883, com a absorção de suas Lojas pelo Grande Oriente do Brasil, enquanto que as Lojas de adoção, no Brasil, tiveram vida até 1903, quando o Grão-Mestre do GOB, Quintino Bocayuva, inclusive por pressões internacionais, as suprimiu, através do decreto nº. 242, de 25 de setembro de 1903.

  15. A organização fundada em 1902, não foi a Direito Humano --- que foi criada na França, em 1893 --- mas, sim, a Comaçonaria, que se iniciou na Inglaterra, com Francisca Arundale, e tomou impulso com Annie Besant, colaboradora de Helena Blavatsky. À Comaçonaria pertenceu o bispo Leadbeater, místico e visionário muito querido das Obediências mistas, mas sem nenhuma credibilidade perante a comunidade pensante da Maçonaria mundial. No mesmo nível do célebre charlatão José Bálsamo, citado na matéria em foco.

  16. Hoje, o veto ao ingresso de mulheres na Maçonaria regular masculina, é decretado por um dos oito princípios de regularidade da Grande Loja Unida da Inglaterra. Para que isso caia, é necessário um consenso de todas as Obediência do mundo. Se, hoje, o GOB, ou alguma Grande Loja estadual brasileira, admitir, unilateralmente, esse ingresso, cairá, imediatamente, na irregularidade. É preciso entender isso.

  17. É claro que todos nós reconhecemos a evolução da mulher, nos dias atuais. Mas, como maçons disciplinados, temos que obedecer às leis internacionais, que regem a instituição. Quem não obedece,deve ser alijado, como insubmisso e rebelde.
 
                                        --- José Castellani ---

 

 

VOLTAR

Site Pessoal de Renato Burity

Copyright  ©  2002 - Todos os direitos reservados

Ilhéus (BA)